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Perder o desejo pela parceria é sinal de fim do amor?

Para muitas pessoas, o que difere uma amizade de uma relação amorosa é a relação sexual. Algumas pessoas se identificam como assexuais, em que a relação sexual não necessariamente é desejada, outras pessoas identificam a relação sexual como este parâmetro que diferencia amizade e amor ou mesmo atração. Mas quando o desejo desaparece, acabou o amor?

O desejo sexual é geralmente motivado pela novidade e ela pode vir por meio inclusive do que a gente imagina. Existe uma ideia de um desejo espontâneo e este de fato existe, porém não é a única forma de desejo. Para os primeiros encontros com alguém, você provavelmente trocava mensagens (ou mesmo ligações) curiosas e apaixonadas ao longo dos dias anteriores ao encontro. Ficava imaginando como seria este encontro e se perdia um pouco nestes pensamentos. Para além disso, no início da relação, você provavelmente tomava um banho atencioso, escolhia a melhor roupa para aquele encontro, o melhor perfume. Tomava diversos cuidados para chegar bem neste encontro. Havia uma surpresa para apresentar ao outro. Além disso, suas conversas provavelmente não incluíam rotinas ou problemas domésticos, ou mesmo seu chefe chato. Você queria saber mais da pessoa a sua frente. E, claro, queria mostrar seu melhor lado para ela.

Isso aqui, de forma um pouco exagerada (,mas nem tanto para os apaixonados de plantão) indica que havia um envolvimento muito grande para o encontro com o outro. E, veja só, o encontro físico nem havia acontecido, mas vocês já estavam envolvidos nele. A imaginação já estava ativada e o interesse era enorme. Não foi algo exatamente improvisado, mas veja que aqui o seu desejo era cultivado antes mesmo do encontro. Você pode me dizer que fazia isso porque você tinha desejo e foi exatamente isso que acabou, mas aqui já te mostrei que havia uma ilusão de que tudo era simples, improvisado e descompromissado, não é? Além disso, a questão é que as pessoas não sabem como o seu desejo surge.

Quando este desejo desaparece da vida do casal ou de uma das pessoas da parceria, entra-se num conflito quanto à própria relação. Se não há desejo, então acabou a relação!

Essa é uma ideia, um mito sexual. Há casais que não fazem sexo por opção e isso não os traz incômodo. Por isso, cabe aqui investigar sua história pessoal e descobrir como amor e sexo se entrelaçam por meio dela. Seriam amor e sexo a mesma coisa? Seria amor conjugal e sexo a mesma coisa? Amar seria ter desejo 24 horas por dia pela outra pessoa? Por outro lado, se sexo não for algo importante para sua relação no momento, cabe acolher seus desejos para esta relação.

Essas perguntas ajudam a nortear como sexo e amor conjugal estão em sua vida. Cabe se aprofundar também na sua própria história sexual, na história do seu desejo e a história do desejo do casal.  Podemos acrescentar aqui que pessoas que se amam podem enfrentar dificuldades de desejo. Isso ocorrer por entenderem este desejo espontâneo como a única forma de desejo. Nisso, os casais ficam esperando que o desejo apareça para se engajar numa relação sexual. Entretanto há pesquisas voltadas ao estudo do sexo que indicam que nem sempre o início da relação sexual seria pelo desejo. O convite para a relação sexual pode acontecer num momento de neutralidade sexual e a partir disso a interação se iniciar. Este se trata do desejo responsivo.

Este desejo não surge de forma espontânea, mas é cultivado na relação amorosa. Assim para se engajar numa relação sexual, não seria necessário um desejo prévio, mas situações e comportamentos que vão sendo cultivados ao longo da relação. Essas situações trazem disposição para entrar num jogo sexual. Mas quando falo de situações e comportamentos, cabe pensar na relação em si, no que os aproxima como casal, como se interessam um pelo outro e mesmo na dinâmica de vida do casal, no stress, no tempo que o casal possui para estar juntos e mesmo nas próprias necessidades do casal.

Ao identificar as reais necessidades do casal, vocês podem fazer escolhas que os satisfaçam como casal e como indivíduos.

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Vulnerabilidade a dois

Qual o maior desejo humano? Muitos desejos existem e muitos se repetem no ser humano. Desbravar lugares, sentir liberdade, fazer conexões reais. É difícil de indicarmos com precisão qual seria este maior desejo, mas ser amado, confirmado, admirado, reconhecido do seu jeito único provavelmente está na lista dos maiores desejos humanos.

E cada pessoa vai buscar isso em diferentes áreas da vida. Pode ser um baita profissional de destaque para receber atenção de seus pares, companheiros, ou até dos concorrentes. Pode ser numa vida recheada de amigos por perto. Pode ser cultivando laços familiares muito próximos até com aquele primo de terceiro grau. E pode ser tudo isso junto.

No entanto, essa busca por ser amado encontra na relação amorosa sua principal manifestação, na maioria das vezes. Não é a única forma, nem a principal, mas provavelmente a forma em que isso fica mais claro. Mesmo que a pessoa se sinta amada em outras diferentes relações, pode ainda buscar se sentir amado numa relação amorosa ou em mais de uma relação amorosa, que pode ser a três, quatro ou mais.

E quando a pessoa chega à relação amorosa há o encontro com o verdadeiro amor, a verdadeira admiração. A pessoa é amada do jeito que ela é. E não sei se existe coisa melhor nessa vida que ser amado do jeito que se é. No entanto, esse amor incondicional dura até a página dois…

Por mais que haja pontos comuns importantes, as pessoas são diferentes mesmo nas coisas iguais. Durante o convívio, há certo estranhamento diante das diferenças. Afinal, uma das pessoas pode preferir colocar o arroz por cima do feijão e a outra preferir colocar o feijão por cima do arroz. Esse estranhamento, essas diferenças podem se tornar inconvenientes em alguns momentos do convívio, pois nem sempre o casal consegue conviver bem com estas diferenças.

Esse olhar que o outro coloca em você pode perceber coisas em você que você nem sequer tinha se dado conta que eram parte de sua personalidade. Em alguns momentos, podem ficar visíveis coisas que você não se orgulha tanto assim ou mesmo coisas que são muito difíceis de reconhecer. Este olhar do outro pode descobrir vulnerabilidades em você.

E aqui você entra num certo conflito. Ser quem você é demonstra suas vulnerabilidades. E será que o outro ainda vai te amar, se você se mostrar vulnerável?

Neste caminho, muitas pessoas optam por disfarces, esconderijos da personalidade, sofrimentos silenciosos ou mesmo certa submissão. Muitas pessoas optam por ser aquilo que imaginam que o outro quer que sejam. Outras optam por esconder seus defeitos, coisas de que se envergonham.

As pessoas entram nas relações amorosas entendendo que podem ser quem verdadeiramente são, mas diante dos desafios da convivência acabam optando por se defender do outro. Para isso, evitam um contato genuíno com este que lhe devia amar pelo que você é. No entanto, você esconde quem você é. Que contradição!

De onde será que vem esta ideia de que o outro só poderá amar você se você for uma pessoa perfeita? Não seriam as vulnerabilidades humanas que nos fazem únicos e principalmente humanos?

Todos nós invariavelmente temos nossos vazios, nossas questões existenciais, nossas vulnerabilidades. Elas fazem parte de nossa história e você é quem você é, inclusive com suas vulnerabilidades. Saber dessas vulnerabilidades e poder trocar em casal sobre elas pode permitir uma conexão real para as parcerias. Imagine que você não tenha que esconder o choro ao chegar em casa apenas para se mostrar uma pessoa forte pelo casal? Ou ainda, imagine a liberdade em dizer que não gosta de algo, mesmo que isso signifique não ser mais aquela imagem de perfeição da família? Passamos muito tempo sustentando coisas que nos aprisionam e destroem a nós e a nossas relações.

Nem toda vulnerabilidade tem que ser compartilhada. Aqui o espaço é de poder ser. Vulnerabilidades podem ser compartilhadas com quem você quiser, se você quiser. No entanto, é preciso identificar se você pode sustentar o lugar de vulnerabilidade de vez em quando.

Qual a melhor hora?

Essa pergunta é muito recorrente nos consultórios. Qual seria a melhor hora para alguma coisa?

Acho que você, assim como eu, aprendeu que a vida possui fases como infância, adolescência, adulta, velhice. E algumas coisas seriam esperadas nessas fases, inclusive haveria o momento de “namorar”.

Essa vida de fases tem sido reforçada com a forma como apreendemos a vida. Afinal, você devia estudar para fazer vestibular e depois cursar uma faculdade, para depois trabalhar, para depois encontrar alguém e construir a vida com esta pessoa, para depois ter um filho, para depois ter outro filho e assim por diante.

É uma forma sofisticada do nascer, crescer, se reproduzir e morrer, não é?

Parece que alguém criou um roteiro e disse que ele devia ser aplicado na sua vida. O problema é que esse alguém se esqueceu de combinar com a vida. Aqui parece termos aquele roteiro de vida bem estruturado que nos dá um certo controle, o mesmo controle que nos deixa angustiados em dois momentos da vida. São eles:

– Quando fizemos tudo do nosso roteiro de vida e não nos sentimos realizados, ou

– Quando uma das etapas não acontece, aparece antes ou depois da hora e não sabemos o que fazer, pois parece que nos faltou manual e eventualmente nos sentimos até errados por viver aquele momento.

Os relacionamentos aparecem frequentemente neste roteiro de vida. Tem uma etapa que você TEM que ter um relacionamento. E essa obrigatoriedade nos coloca em profunda angústia. Não ter um relacionamento aqui é sinônimo de fracasso, de não ser uma pessoa amada ou querida, ou mesmo ser uma pessoa incompetente. Esses significados vão se aprofundando em nós de tal forma e, por medo ou mesmo ansiedade de viver isto, as pessoas saem em busca de literalmente qualquer pessoa para se relacionar. E neste caminho, surgem pessoas que não tem nada em comum com você, mas ter o relacionamento é a prioridade.

Nesta busca incessante para cumprir com este roteiro que nos promete felicidade, nos deparamos com a infelicidade, pois perdemos de vista quem somos e mesmo a pessoa com quem nos relacionamos. É possível que em algum momento da vida, você se pergunte como se relacionou com alguém que não tinha nada em comum com você ou mesmo como se manteve num relacionamento que te fez tão mal.

Costumeiramente nestes casos a pessoa não consegue perceber que ela vive um roteiro que não lhe respeita. Por isso, que tal se conectar com suas verdadeiras necessidades, seus verdadeiros sentimentos?

Proponho a você, que lê estas linhas, que se conecte com este momento com sua realidade, com seus desejos agora. É a partir dessa conexão com você mesmo que será possível saber se é a hora ou não para se relacionar, se separar, ter filhos, ficar só, dentre outros desejos e necessidades da sua vida.

Veja bem, o problema não são as fases da vida, pois temos fases diferentes ao longo da vida, afinal não somos crianças eternamente. Também não é um problema da biologia que nos foi passada de forma equivocada. Nada disso. O problema é o roteiro pré-fabricado que não respeita suas verdadeiras necessidades. Priorize-se, identifique aquilo que realmente te satisfaz na vida e nos relacionamentos.

Você reclama de que na sua relação?

Imagine um casal que se conheceu ainda sem saber que planos ocorreriam no futuro. É muito provável que certas características os tenham atraído instantaneamente e outras foram atraindo aos poucos.

As nossas atrações estão direcionadas pela nossa percepção sobre o mundo. Quando falo sobre percepção, falo aqui sobre parâmetros e formas que você considera esperadas. Se você vem de uma família que fala muito alto e por isso se acostumou a falar mais alto, é possível que ao encontrar alguém que fale tão alto quanto, você não estranhe a situação. O contrário disso vai fazer você perceber (sentir) que sua parceria fala (mais) baixo. E sempre temos que indicar que há possibilidade de que sua parceria realmente fale mais baixo que outras pessoas.

Então nossa percepção sobre as coisas está vinculada à nossa própria forma, ou como gosto de dizer, nosso próprio mundo.

De maneira geral, procuramos pessoas com coisas em comum sejam hobbies, valores, sonhos. Essa busca nos coloca diante de um outro parecido. Precisamos disso para dar certa “liga”, nos mantermos juntos, mas por outro lado é difícil conviver com alguém tão igual. Queremos alguma novidade deste outro. Então ser muito igual não parece uma opção tão boa no fim das contas.

Desse jeito, a procura por coisas diferentes para admirar aparece de forma muito necessária. É este outro que abre nosso horizonte. É possível agora admirar as rosas que não nos tínhamos dado conta, ler livros de autores que nem sabíamos que existiam, começar hobbies por influência deste outro e amar estes hobbies até mais que este outro ama.

Então buscar alguém totalmente diferente se torna uma opção viável. Afinal, as pessoas se complementam como se fossem duas metades.

A ideia parece boa, mas ela causa muito mais ansiedade, irritação e raiva. É difícil ter “liga” com alguém que fala de basquete enquanto você quer ver aquele filme francês. Ou mesmo escolher o prato do jantar quando a dieta de um é totalmente vegana e o outro come bife com batata frita.

Então precisamos aqui de alguém que dê “liga” e que também seja diferente para ser admirado.

Encontramos este alguém. Pela atração, admiramos coisas que não encontramos em nós. Até o dia em que esta admiração vira crítica. Afinal, esse outro é muito diferente de mim.

Neste momento, características que atraíram no início se tornam as mesmas que separam o casal. A atração pelo jeito do outro totalmente livre se transforma em raiva pela falta de organização, o amor pelo outro planejado e organizado se transforma em irritação porque o outro é muito “quadrado”. São as mesmas características. Foi o seu olhar que mudou.

E aqui um ponto é fundamental. Você se lembra do que falei sobre a percepção? Cada um tem seu mundo e percebe o mundo a partir do seu. Você fala português e reconhece pessoas que falam português. É provável que se você ouvir alguém falar alguma língua que você não conheça, você não entenda e nem saiba dizer a diferença entre essa língua e outras.

Então nós vemos aquilo que conhecemos e principalmente que há traços em nós. Se você chama este outro de desorganizado, teimoso e outras coisas, reconhece neste outro coisas que estão em você e que é difícil de lidar com elas. Provavelmente estão em você de forma não tão desenvolvida e abre espaço para a crítica ao outro. Afinal, é mais fácil criticar o outro que criticar a si mesmo.

Veja que a atração inicial por este outro pode se transformar em raiva, irritação, mágoa, ódio porque o outro é algo diferente de você. Mas provavelmente se tratam das mesmas características com o bônus de serem também formas críticas como você olha para si mesmo.

Por isso, para conviver bem com o outro, você precisa estar realmente conectado com quem você é, conhecer mais de você mesmo, se interessar por quem você é para que assim você possa identificar quem você é com este outro que entra em sua  vida. Permita-se sentir o que este outro gera em você, pois é a partir disso que sua relação pode crescer e não numa intensa disputa que talvez você ainda não tenha travado com você mesmo.

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